Que puta de dor virou a esquina sem se despedir? Tenho saudades que se farta. Como virar o vestido dela do avesso, ou um copo contra a mesa, a dor também vira assim a esquina como se tivesse dessas generosidades? Como virar o destino dela do avesso. Não espero que a saudade venha. Como se espera a leucemia, ou o ladrão atrás porta, a saudade também não se espera com o mesmo susto? Espero ficar com o coração em pó, ó, ó, ó, até que haja tempo para recuperar da droga que é preciso. Mas eu só quero é ser feliz, iz, iz, iz.
12 maio, 2009
05 maio, 2009
Giram as palavras por redes vãs
As palavras são bailarinas
Que dançam e giram
E se têm pérolas e penteados
Não haverá maior razão
Para serem punhais também?
As palavras põem as mãos atrás das costas.
Aquelas mãos que um dia viraram a chuva
E que outro dia enterraram a terra, as mesmas mãos
Porque não têm outras.
E nisto dançam.
As palavras juntam-se todas
Ou então só se juntam umas.
E compostas se insurgem umas sobre as outras,
Para chegar ao céu ou para morrer na espuma,
Por uma longa maré que rebenta e se agita.
As palavras querem ser só bailarinas,
E se houver vez alguma que se lhes ponha o peso,
Não mexem e recuam.
Tentam e voltam.
E penosas nem gritam nem tocam.
Enormes mundanas e sujas -
Bailarinas sujas -,
Ou levianas gaivotas,
As palavras vêm em bandos para nos embalarem
Porque já não são palavras, são as nossas madrugadas.
As palavras, quando sopram o último suspiro,
Só querem uma coisa - a mesma coisa porque não querem outra:
Abrem aos céus os seus arcos
E todas juntas largam os dardos
Sobre a neblina do que são.
Para alguém que as colha, às madrugadas, elas são
As mesmas palavras,
Porque não têm outras.
Que dançam e giram
E se têm pérolas e penteados
Não haverá maior razão
Para serem punhais também?
As palavras põem as mãos atrás das costas.
Aquelas mãos que um dia viraram a chuva
E que outro dia enterraram a terra, as mesmas mãos
Porque não têm outras.
E nisto dançam.
As palavras juntam-se todas
Ou então só se juntam umas.
E compostas se insurgem umas sobre as outras,
Para chegar ao céu ou para morrer na espuma,
Por uma longa maré que rebenta e se agita.
As palavras querem ser só bailarinas,
E se houver vez alguma que se lhes ponha o peso,
Não mexem e recuam.
Tentam e voltam.
E penosas nem gritam nem tocam.
Enormes mundanas e sujas -
Bailarinas sujas -,
Ou levianas gaivotas,
As palavras vêm em bandos para nos embalarem
Porque já não são palavras, são as nossas madrugadas.
As palavras, quando sopram o último suspiro,
Só querem uma coisa - a mesma coisa porque não querem outra:
Abrem aos céus os seus arcos
E todas juntas largam os dardos
Sobre a neblina do que são.
Para alguém que as colha, às madrugadas, elas são
As mesmas palavras,
Porque não têm outras.
03 maio, 2009
Outro ponto de suspensão
Ajoelha, e os braços na terra. Os braços magros e sozinhos. É como estava antes do parto e é como esteve para a vida toda: ajoelhado e os braços na terra. Tal como o é a fotografia com os olhos cansados e o punho a apoiar a cara, com tudo triste, também é a posição fetal de joelhos e braços. Se não fosse preciso andar e todas as outras coisas que são ou não precisas, teria estado sempre assim para o mundo - virado de joelhos e braços estendidos.
Hoje vejo-o da varanda. Saltaria daqui para agarrar o ar e ter asas, como os pássaros tem, e agarrá-lo dentro de água como um filho, e embalá-lo no meu colo enquanto as ondas vão e vêm, e eu fico sempre em pé a agarrá-lo, entre as marés novas e velhas. Saltar da varanda para sempre: beber o resto da chávena, levantar da cadeira, chegar sobre o muro, e saltar lá para fora. Para a praia e para o mar; embalá-lo tanto para que se esqueça e feche os olhos e mais nada. Só as ondas que vão e as ondas que vêm, e nós entre elas, e deitado no colo, e em pé, para o resto dos tempos, sempre molhados com coisas que lhe toquem sem que se lhes pedir seja preciso.
Hoje vejo-o da varanda. Saltaria daqui para agarrar o ar e ter asas, como os pássaros tem, e agarrá-lo dentro de água como um filho, e embalá-lo no meu colo enquanto as ondas vão e vêm, e eu fico sempre em pé a agarrá-lo, entre as marés novas e velhas. Saltar da varanda para sempre: beber o resto da chávena, levantar da cadeira, chegar sobre o muro, e saltar lá para fora. Para a praia e para o mar; embalá-lo tanto para que se esqueça e feche os olhos e mais nada. Só as ondas que vão e as ondas que vêm, e nós entre elas, e deitado no colo, e em pé, para o resto dos tempos, sempre molhados com coisas que lhe toquem sem que se lhes pedir seja preciso.
Embalá-lo tanto, embalá-lo tanto, tanto.
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