17 julho, 2009

Para trás

Sei que não vais sair do teu sono pesado,
Nem abrir os braços quando me vires cair do sofá
Em que nos deitámos.
Recordo que abri os meus quando passaste,
Quando tropeçaste propositadamente no meu colo,
Que pareceu ter, nem mais nem menos, a forma da tua mágoa antiga;
A sombra do coração pequeno que trazias; dos cabelos soltos que já não tens.
Soluços intermitentes na ponta das minhas ansiedades,
Que julgo não saber a quem pertencem.
E não te os conheço. Nem às tua névoas nem aos teus modos,
Nem mesmo até aos teus lugares-comuns.
Nem ao som que fazes quando o teu sopro salta da varanda.
Soprava-te o Raul Brandão pela garganta,
E punha-te o pó dos móveis pelas narinas,
Enquanto os teus joelhos se esforçavam no meu peito.
Sei que fico neste pátio, quando a tua mancha desaparecer,
Seguirei o mesmo atalho de sempre, que depois da estação,
Me leva sozinho onde nunca cheguei.
Sei que não vais sair do teu sono pesado,
Nem saltar para fora do corpo que queres manter, agora.
Apesar de o saber,
Pico o ponto na esperança que trago
E que estranhamente parece nem se desvanecer
Quando os teus dedos já ficaram para trás.

14 julho, 2009

Alguém

Alguém para dar a resposta, sem saber a pergunta.